Estamos chegando com o MediaTalks da semana.
E se temos sido pródigos em mostrar os feitos da imprensa e os movimentos que a têm engrandecido, é justo trazer também acontecimentos que, a despeito de nos desagradarem, precisam ser apresentados, pelo impacto que provocam na reputação de profissionais, veículos e do jornalismo como um todo.
É o trem da imprensa saindo dos trilhos. Pior, envolvendo BBC e New York Times. Triste para todos que admiram o jornalismo de qualidade dessas marcas quase sagradas. Dos dois lados do Atlântico, ambos enfrentam tormentas que arranham suas reputações. Mas que também servem de alerta a redações e profissionais de imprensa, lembrando que controles afiados e atenção redobrada diante de pautas ou fontes sedutoras nunca são demais.

Neste artigo mostramos como o fantasma da princesa Diana voltou a assombrar a BBC, história que poderia ter sido inventada por um roteirista da série The Crown.
Quem tem mais idade ou acompanha os dramas da família real britânica lembra da bombástica entrevista em que a maior celebridade do planeta falou sobre adultério (“há três pessoas nesse casamento”) e sobre seu transtorno alimentar. Só que esse “furo do século”, como dizem os britânicos, foi obtido à custa de extratos bancários falsificados por um designer da própria BBC, que induziram a princesa a achar que estava sendo vigiada pelo serviço secreto.

Mesmo publicada no Mail on Sunday, a história foi abafada. Agora voltou à tona, levando à nova investigação com apoio do príncipe William. Não deve acabar bem para Martin Bashir, que fez a entrevista, nem para seus chefes.

Isso foi há 25 anos. Mas ainda hoje deslizes continuam a criar constrangimentos. O New York Times purga com a inacreditável história da correspondente Rukmini Callumachi. Ela pode ter sido vitima do chamado viés de confirmação, a tendência de valorizar evidências que endossam o que acreditamos.
O podcast Caliphate era um sucesso até a polícia canadense prender a fonte, um rapaz de 25 anos que inventou um passado de combatente do Estado Islâmico e talvez nunca tenha ido à Síria. Veja aqui como uma repórter experiente foi enganada, as inconsistências reveladas pelo colunista de mídia do próprio jornal e como a organização vem lidando com o caso, revisando as matérias da jornalista mas mantendo o programa no ar.

O caso do NYT expôs também a vulnerabilidade do uso de fixers, jornalistas contratados pelos correspondentes para ajudá-los a achar fontes locais, traduzir o idioma e fazer apurações onde um estrangeiro arriscaria a vida. Resumimos aqui detalhes da maior pesquisa já realizada sobre essa relação, que ouviu 450 jornalistas de 71 países. Mais de 75% disseram que não recebem o crédito pelo trabalho. O professor Peter Klein, da Universidade de British Columbia, no Canadá, um dos autores do estudo, destaca os depoimentos de dois fixers brasileiros.

Por falar no Caliphate, trazemos uma pesquisa fresquinha do Instituto Reuters para estudos de jornalismo mostrando que, ao contrário do que vaticinavam os pessimistas de plantão, os podcasts de notícias consolidaram-se durante a pandemia. O estudo quantifica o tamanho do mercado, reafirma o poder de atração de audiência jovem, mostra os tipos de podcasts e dá dicas valiosas sobre formatos. Fazendo jus à excelência do NYT, o podcast dele virou modelo.
And last but not least…
Depois da palavra do ano da semana passada, sabe quais serão as cores do ano de 2021?
A Shutterstock, anunciou as três cores que vão predominar em 2021, com base na análise de dados de pixels e downloads das imagens usadas por profissionais do mundo inteiro. Os tons brilhantes e saturados que definiram 2020 ficarão para trás, segundo a agência de imagens. E 2021 chegará com uma paleta rica e natural, remetendo a novas oportunidades e a um desejo de sair e fugir, segundo o diretor de criação.
Portanto, coloque a trilha de Vamos Fugir, do mestre Gilberto Gil, clique aqui e conheça as cores de 2021, com lindas imagens e vídeos inspiradores do Shutterstock.
Spoiler: a agência também definiu as cores de 2021 de vinte países, incluindo o Brasil. Não é lindo e poderoso o nosso verde?

Aproveitem a beleza das cores para ficar em paz, com saúde, buscando inspiração para 2021.