O mercado das startups vive um momento de intensa movimentação. Muitas perguntas surgiram nos últimos meses, tanto na questão dos investimentos, em que a análise do mercado se tornou ainda mais criteriosa, quanto no lado de onde se deve investir, em quais tecnologias mirar. É um momento inédito na curta história desse universo que, em tão pouco tempo, já vivenciou realidades distintas.
No lado dos negócios, algo está muito claro: vivemos novos tempos no cenário de startups e funding. Esqueça o contexto de dinheiro farto, aportes bilionários, movimentações impactantes. Não é que a fonte tenha secado totalmente, mas o cenário é outro, é de bastante cautela. Tudo então passou a acontecer de forma mais analítica, como um jogo de tabuleiro. Avaliar mais cuidadosamente como agir se tornou a máxima de quem quer investir, o que afetou fortemente quem pode ter uma boa ideia.
As startups que sobreviveram ao turbilhão dos últimos meses entenderam que é importante olhar muito mais a lucratividade antes de dar outros passos. A redução dos investimentos também é uma consequência de critérios mais rígidos dos fundos para avaliar onde investir. Muito se falou também sobre os problemas de caixa de uma grande quantidade de startups, que não estavam prontas para mudanças tão repentinas de ares, o que resultou em significativos lay-offs. Por isso, olhar a eficiência em vez de um crescimento a todo custo se tornou a receita do sucesso.
Em meio a essa mudança de cenário, as startups latino-americanas, o que se aplica ao Brasil, precisam ficar ainda mais atentas, pois são as primeiras a sentir o impacto mais forte.
No outro lado, o da tecnologia, o assunto mais comentado, claro, é a explosão de IA Generativa e LLM e como isso afeta tudo o que conhecemos. Se um dia o Metaverso e o NFT ditavam as prosas entre os executivos de techs de todos os tamanhos, hoje, é necessário surfar em novas ondas. É a nova “corrida pelo ouro” entre as bigtechs, somada a grande quantidade de startups que estão correndo para criar produtos em cima disso. Nesse ponto, voltamos ao tema anterior: o ciclo de investidores está mais atento ao setor de IA, algo que voltou a explodir. É um mercado dinâmico. Em 18 meses, tudo mudou.
Estive presente na última edição do Brazil at Silicon Valley, em abril, em Santa Clara, Califórnia. De todo o evento, pude perceber esses dois temas centrais que norteiam o setor e ditarão tendências para os próximos anos, na visão não só dos brasileiros, mas de quem acompanha o segmento de perto e sabe que os tempos são diferentes.
Então, a percepção que trago é que como a IA será capaz de mudar tudo, desde a questão da produtividade para developers, o que afeta diretamente o trabalho que desenvolvemos, e como isso vai afetar temas como a oferta de empregos e produtividade.
Trouxe, do evento, uma boa experiência, muitos contatos feitos e reforçados, além de uma importante atualização e troca de informações sobre o momento do setor. Se por um lado, os desafios financeiros para algumas startups chamam a atenção, por outro, é fundamental ficar atento às mudanças de mercado mais recentes, que chamam a atenção até fora dessa bolha.
A IA veio para ficar e o homem busca aprimorar e extrair o melhor dela. Novos bons capítulos estão por vir nessa corrida que movimenta bilhões e bilhões de dólares e será capaz de impactar o dia de todos nós – se é que já não impacta, sem nem notarmos.
*Lorhan Caproni é CEO da BotCity, plataforma global de Python RPA (Robotic Process Automation).