Uma importante amostra da produção artística dos povos originários brasileiros será apresentada ao público mexicano em setembro, quando o Museo Franz Mayer, na Cidade do México, receberá peças da Coleção BEĨ de Bancos Indígenas, hoje um dos maiores acervos de arte tradicional do Brasil.
A exposição itinerante Bancos Indígenas do Brasil reúne 75 bancos de 41 etnias oriundas da Amazônia e do Território Indígena do Xingu. Alguns dos bancos expostos têm formas geométricas; outros são zoomórficos, retratando animais da fauna brasileira. Os grafismos que os adornam, feitos com pigmentos naturais, representam os mitos e tradições dos povos que os fabricam e refletem seus laços com a comunidade, a terra e a floresta.
O objetivo da exposição, que tem a curadoria de Marisa Moreira Salles, Tomas Alvim, Danilo Garcia e Mariana Brazão, é divulgar a arte e a cultura ancestrais do Brasil e dar espaço para que os artistas indígenas alcancem o reconhecimento do público. O artista Kulikyrda “Stive” Mehinaku, do Território Indígena do Xingu (TIX), no estado brasileiro de Mato Grosso, estará presente e discorrerá sobre seu trabalho e a cultura material de seu povo. Imagens e vídeos do fotógrafo Rafael Costa, que registrou a produção de bancos e o cotidiano da aldeia Kaupüna, da etnia Mehinaku, no TIX, completam a mostra.
Link para fotos de Rafael Costa
Bancos indígenas de Brasil
Abertura:
4 de setembro de 2024, 19 horas
[RSVP: [email protected]]
Visitação:
Terça a domingo: entre 10h e 17h
Até 26 de janeiro 2025
Museo Franz Mayer
Av. Hidalgo 45, Centro Histórico, Cidade do México, México
Estacionamento próprio anexo ao museu na Rua Valerio Trujano S/N
Metrô: Estação Hidalgo ou Bellas Artes na Linha 2
Turibus: Parada 11, Circuito do Centro
Sobre a Coleção BEĨ
A Coleção BEĨ de Bancos Indígenas do Brasil abrange mais de 1.300 peças oriundas de povos de diferentes regiões: Alto e Baixo Xingu, sul da Amazônia/Centro Oeste, norte do Pará e Guianas e noroeste amazônico. Por sua extensão e importância, a Coleção BEĨ é hoje uma referência em arte indígena brasileira. Seus bancos vêm sendo expostos em instituições do Brasil do mundo, contribuindo para abrir novos horizontes de reflexão sobre as complexas inter-relações entre as artes tradicionais e a cultura contemporânea.
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Kulikyrda Stive Mehinaku, artista convidado
Técnico em agroecologia e Agente Indígena de Saúde (AISs), Kulikyrda Stive Mehinaku começou a fazer bancos na adolescência, inicialmente apenas para uso pessoal, como é costume em seu povo. Posteriormente, a possibilidade de comercialização foi um incentivo, pois a venda de bancos era a principal fonte de renda do povo Mehinaku, viabilizando visitas à cidade para a realização de cursos e a compra de ferramentas industriais hoje inseridas no cotidiano indígena. Seu nome, “Kulikyrda” significa “rosto de curica”, uma espécie de papagaio da região amazônica.
Rafael Costa, fotógrafo
Graduado em arquitetura pela Universidade Mackenzie, Rafael Costa (1963-2024) descobriu a fotografia como um caminho de expressão na publicidade. Em 1998 abriu seu estúdio e teve seu trabalho premiado nos maiores festivais de publicidade do mundo, como o Clio Awards e o Festival de Cannes. Em paralelo foi construindo um trabalho autoral, que traduz o seu encantamento pela arte da pintura e já foi exposto em Paris, na Bienal de Firenze, na SP-Arte, e na Pinacoteca do Estado de São Paulo. O livro Imaginário, publicado pela BEĨ, aproximou o fotógrafo da produção artística dos povos originários que integram a Coleção BEĨ. Suas fotos, feitas em estúdio e em viagens ao Território Indígena do Xingu e ao Amazonas, ilustram o livro Bancos indígenas do Brasil, publicado em 2023, e integram a exposição de mesmo nome.