Numa iniciativa inédita, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e a Universidade Federal do Ceará (UFC) firmaram nesta terça-feira (18/9) convênio para a construção de um foguete espacial. A assinatura do convênio foi realizada pelo presidente da FIEC, Beto Studart, e o reitor da UFC, Henry Campos, na Casa da Indústria, com a presença do diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Ceará (SENAI), Paulo André Holanda, do diretor do Centro de Tecnologia da UFC, Carlos Almir Monteiro de Holanda, e das equipes do Grupo de Desenvolvimento Aeroespacial da UFC (GDAe), coordenado pelo professor Claus Wehmann, e do SENAI.
O objetivo da parceria é o desenvolvimento de tecnologia aeroespacial e a interação e colaboração tecnológica entre as duas entidades, ficando a UFC responsável pela pesquisa e engenharia e o SENAI Ceará pela execução e construção colaborativa das peças que compõem foguete, denominado HERMES-1. Os estudantes de cursos técnicos do SENAI Ceará e os acadêmicos de engenharia da universidade estarão envolvidos em todas as etapas do projeto, desde a concepção até o lançamento no Centro de Lançamento Barreira do Inferno (CLBI), em Parnamirim (RN).
Na ocasião da assinatura do convênio, o reitor da UFC, Henry Campos, destacou a profícua relação entre a universidade e a FIEC, fortalecida durante a gestão do presidente Beto Studart. “A aproximação entre a academia e o setor produtivo é fundamental para o desenvolvimento de qualquer país. O pensamento do presidente coincide com o nosso e com o do governador Camilo Santana de que a inovação, juntamente com a educação, irá trazer riqueza para o nosso estado”, declarou.
Na opinião do reitor, o projeto, intitulado “Missão Dragão do Mar”, é um exercício de criatividade e a parceria com o SENAI irá complementar o trabalho da universidade na formação dos alunos, estimulando o surgimento de novos talentos. Henry Campos acrescentou que o foguete poderá ter várias aplicações e desdobramentos no futuro, como por exemplo em estudos meteorológicos e no satélite que a universidade pretende lançar.
O presidente da FIEC ressaltou a importância da parceria e frisou que é preciso valorizar a pesquisa e a ciência no Brasil, criando um ambiente propício para que o cientista trabalhe cada vez mais próximo ao setor produtivo. “O pesquisador não pode viver como vive aqui no Brasil. Precisamos de um marco legal definitivo para que o pesquisador ganhe dinheiro com o seu sucesso. Nos Estados Unidos, o cientista trabalha 9 meses para o estado e 3 meses para a iniciativa privada sem nenhum problema de prevaricação. Aqui, tudo que o cientista faz, ele está prevaricando”, disse.
Para o professor Claus Wehmann, a grande relevância do projeto está na formação. “A UFC forma engenheiros e o SENAI técnicos. São duas profissões que interagem complementarmente. Ter essa interação desde a formação vai facilitar a comunicação no futuro”, afirmou. Outro aspecto da formação proporcionado pelo projeto, considerado importante pelo professor, é o fato de os alunos participantes serem desafiados a buscarem soluções inovadoras para os problemas que surgirem durante o trabalho. “No início do projeto, quando ainda não tínhamos a parceria do SENAI, tivemos dificuldade em avançar devido à escala. Não tínhamos os equipamentos certos, nem as matérias-primas. Passamos, então, a um foguete menor. Isso obrigou à uma procura criativa de soluções. Esse é o profissional que o futuro irá demandar”, explicou.
O diretor regional do SENAI Ceará, Paulo André Holanda, explicou que o SENAI irá contribuir com todo o seu parque tecnológico e sua ferramentaria, que inclui máquina CNC, impressora 3D, usinagem e fresagem, além dos especialistas técnicos nas áreas de mecatrônica, mecânica e eletricidade. “Tudo isso, junto com a UFC, forma o ambiente adequado para esse projeto inovador no país”, concluiu.