Comigo é até aqui, mãe!

A vida tem um jeito de ser mais bonita do que trágica, mas depende de nós filhas escolhermos o melhor caminho. Tomar consciência de que nossa mãe nem sempre foi boa conosco e, mesmo assim, tem o mérito de ter nos dado a vida é um dos esforços mais dolorosos do amadurecimento.

Ficar de frente aos limites da mãe, especialmente quando sabemos que a nossa infância não foi protegida por ela, nos leva a experimentar um profundo sentimento de negação e passamos a nos sentir “órfãs” em uma realidade marcada por várias feridas. Em geral, a mãe que rejeita a filha pode, inclusive, exigir que ela assuma o papel materno dentro da família, cuidando da casa e dos outros irmãos, quando não insiste, também, em receber cuidados.

Uma realidade difícil para a filha que se sente negligenciada pela mãe e que desenvolveu a “autossuficiência” como proteção. Muitas filhas mostram dificuldade em suas relações por sempre desconfiarem das pessoas, mas também do próprio potencial. Nas duas realidades, oriento-as a dizer internamente: “Querida mãe, entrego você para a sua solidão” para encontrar o caminho da cura.

A filha que não sente a benção do amor materno tem uma conexão fraca com a mãe e reflete essa falta nos próprios propósitos, sem energia para transformar seus sonhos mais sinceros em conquistas, por exemplo.

Sendo assim, faço a pergunta: “Onde foi que mãe e filha se perderam em suas histórias difíceis”?

Algumas mães, ainda por cima, tentam “transformar” suas filhas em “confidentes” e não percebem que a busca por essa “intimidade”, pode levá-las a grandes problemas emocionais. Em minhas observações clínicas, nem mesmo a filha mais “consciente” tem equilíbrio emocional para carregar o peso das responsabilidades da mãe, pois toda vivência força o desenvolvimento precoce da filha e a desvia do próprio caminho. Assim, nada como serem diferentes uma da outra, terem sentimentos e necessidades individuais e permanecerem livres para serem elas mesmas.

O processo é longo, trabalhoso e exigente, mas é na busca por limite nessa relação, que convido todas nós filhas, encontrarmos uma postura madura para conseguirmos, um dia, dizer, respeitosamente, à nossa mãe: “Eu vejo o meu sacrifício para acalmar o seu coração, mãe. Mas agora me retiro”.

 Por isso, restabelecer a conexão com a mãe é o caminho de cura que mais recomendo para o nosso amadurecimento de filha e, consequentemente, de mulher.

(*) Lari Pedrosa – Terapeuta Sistêmica, facilitadora e escritora. autora do livro “Uma Nova Mulher – Curando a Conexão Mãe e Filha” (Literare Books International). Instagram: @larissepedrosa32

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