Consideradas um problema de saúde pública, as hepatites virais são doenças inflamatórias do fígado causadas por diferentes vírus – denominados tipos A, B, C , D e E. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil registrou mais de 718 mil casos da doença, no período de 2000 a 2021, sendo os vírus B e C os de maior prevalência.
Quando não tratadas corretamente, as hepatites podem evoluir para diversas complicações, como casos crônicos, cirrose hepática e até câncer no fígado, conforme explica Dra. Lilian Branco, infectologista do Hospital Dia Campo Limpo – gerenciado pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Desde 2016, o Brasil tem trabalhado para atingir, até 2030, a meta de combate às hepatites virais estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), reduzindo novas infecções em 90% e a mortalidade atribuível à doença em 65%.
Nesse contexto, a campanha Julho Amarelo alerta para a importância da conscientização sobre as medidas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado. “Esta campanha também ajuda a combater o estigma e a discriminação associados a esta doença, visando melhorar a saúde pública e a qualidade de vida das pessoas afetadas” destaca a infectologista.
Prevenção e transmissão
Conforme Dra. Lilian, cada tipo de hepatite viral possui características específicas. Com isso, as formas de transmissão variam de relações sexuais desprotegidas com uma pessoa contaminada (B), compartilhamento de materiais perfurocortantes infectados (B e C) e fecal-oral a partir de água e alimentos contaminados (A e E). Já a hepatite D (Delta) ocorre somente em pacientes que já possuem o tipo B.
Nesse sentido, não compartilhar objetos de uso pessoal, consumir alimentos e água devidamente tratados, usar preservativo em todas as relações sexuais e manter uma boa higiene pessoal são essenciais para a prevenção.
Outra medida preventiva importante é a vacinação contra as hepatites A e B (que também previne do tipo D), disponíveis no SUS. “A vacinação teve efeito positivo em relação às hepatites virais, com redução da incidência de algumas hepatites como, por exemplo, os tipos A e B”, enfatiza.
Diagnóstico e tratamento
Um dos grandes desafios no combate às hepatites é o diagnóstico precoce, já que a doença não costuma apresentar sintomas em fases iniciais. Sinais como fraqueza, mal-estar, tonturas, vômitos, enjoos e icterícia (pele e olhos amarelados) merecem atenção. Assim, a testagem é necessária mesmo quando os sintomas não são evidentes, podendo ser realizada de maneira rápida, sigilosa e gratuita em Unidades Básicas de Saúde.
Segundo a profissional, o diagnóstico, geralmente, é obtido através de exames de sangue que detectam a presença de marcadores específicos para cada tipo, permitindo identificar a presença do vírus no organismo e, em caso positivo, iniciar o tratamento para conter a progressão da doença.
Os tratamentos são prescritos a depender do caso, visando evitar complicações da doença e assegurar o bem-estar do paciente. Além disso, é recomendado não consumir bebidas alcoólicas.
Hospital Dia Campo Limpo
Desde 2016, o Hospital Dia Campo Limpo é referência no tratamento e acompanhamento de pessoas com hepatites virais, tendo oferecido uma assistência acolhedora para mais de 1000 pacientes nesse período.
Inicialmente, o usuário encaminhado passa por consulta com médico e enfermeiro a fim de esclarecer todas as dúvidas sobre o assunto. Os exames iniciais são marcados e realizados na unidade com o objetivo de garantir o tratamento de maneira rápida e eficaz, bem como auxiliar na adesão do paciente ao programa.
Em 2019, o Hospital Dia Campo Limpo passou a disponibilizar medicamentos de alto custo para as hepatites B e C. Desde então, cerca de 100 pacientes tiveram alta com cura para o tipo C.
No momento, 390 pessoas fazem acompanhamento na unidade. “Acreditamos que o cuidado integral ao paciente faz toda a diferença e a nossa equipe está engajada para alcançar os melhores resultados e promover um atendimento humanizado à nossa população”, finaliza.