Advogada especialista em imigração de profissionais brasileiros altamente qualificados para os EUA explica o passo a passo e as possibilidades para exercer a função no país
Um jogo de xadrez em tempo integral. É assim que parece que estão os personagens de Succession, série da HBO. Entre uma jogada e outra, surge o lobby, atividade que é legal nos EUA, mas que pode ser mal interpretada no contexto da família Roy, clã central da série. Além disso, é uma boa oportunidade para profissionais brasileiros que querem morar no país norte-americano. A advogada Liz Dell’Ome, sócia fundadora da Dell’Ome Law Firm, é quem explica como.
O que fazem e quem pode fazer
Lobistas são profissionais que influenciam as decisões políticas de organizações ou indivíduos para que sejam criadas ou alteradas leis e regulamentos que favoreçam os interesses de seus clientes. Para isso é fundamental que tenham profundo conhecimento da lei em áreas como produtos de saúde, seguros, tecnologia, eletricidade, petróleo e gás, por exemplo. Assim, brasileiros que escolherem atuar como lobistas nos EUA precisam ter graduação em Ciências Políticas, Relações Públicas, Economia, Direito e Jornalismo ou Comunicação – além de ter conhecimento geral em todas essas mesmas áreas.
“O visto EB-2NIW, caminho para o Green Card norte-americano por sua vez, é conquistado por meio da comprovação de habilidades profissionais extraordinárias que serão de benefício dos EUA. Ou seja, quem estiver capacitado a ponto de exercer com maestria a atividade de lobista, tem boas chances de conquistar a Residência Permanente”, comenta Liz Dell’Ome.
Passo a passo para se tornar um lobista e de quebra levar o Green Card:
– Invista em aprendizado constante – construir um currículo consistente será benéfico para fins imigratórios e também para conseguir oportunidades no Lobby. “Lobistas formados em Direito, por exemplo, têm um bom entendimento de legislação e projetos, mas se a ideia for atuar com o meio ambiente, um biólogo ou cientista ambiental pode complementar sua especialização em direito regulatório”, explica Liz. Para o visto EB-2NW, que não exige que você tenha um emprego garantido nos EUA antes mesmo de sair do Brasil, esse é um ponto relevante. “É importante manter o foco e ressaltar a real contribuição de cada curso concluído e relacioná-lo com a trajetória do profissional”, ressalta a advogada;
– Tenha projetos que extrapolem o campo profissional – Nem só experiências formais com resultados de impacto para o campo de atuação do profissional ajudam na solicitação de um Green Card. Do mesmo modo, se envolver com questões da sua comunidade formam base para um bom lobista. A advogada explica que vale se dedicar a diferentes tipos de atividades. “Manter um blog voltado para a área de atuação profissional, ou para retratar a necessidade de uma mudança legislativa que impactará a vida das pessoas do seu bairro, ter artigos autorais publicados em sites e publicações especializadas, entre outros, são boas maneiras de mostrar autoridade sobre a atuação e conhecimentos em um determinado campo”, exemplifica Liz;
– Construa (e mantenha sempre atual o seu) Networking – Participe de eventos, escreva e-mails, cartas, telefone para legisladores em busca de melhorias para a comunidade. A construção de relacionamentos nesses encontros e interações serão a base para uma carreira de sucesso como lobista e que poderão impactar na solicitação de um Green Card, uma vez que ajudam a tornar o candidato referência em seu setor de atuação! Outro passo importante é trabalhar com vereadores, deputados e senadores e adquirir experiência nessas funções antes de entrar em uma consultoria ou organizações privadas.
– Siga o caminho formal – Não dê uma de Logan Roy e saia ligando para o presidente dos EUA e o peça para fingir que não viu algo importante em favor do seu cliente. “Assim como o passo a passo e as minúcias que envolvem o processo de aprovação de um visto de residência nos EUA deve ser rigorosamente cumprido (um especialista certamente vai ajudar nisso), para participar de atividades de lobby é preciso se registrar”, ressalta Liz. As taxas de registro variam de acordo com o estado e podem ser reduzidas ou dispensadas para lobistas do governo. As custas com o processo imigratório existem e não podem ser suprimidas, mas há caminhos que evitarão desperdício de dinheiro. Dell’Ome explica também que a cada trimestre, os lobistas profissionais devem apresentar um relatório listando suas atividades de lobby e contatos atuais.