O Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Ricardo Cavalcante, participou, nesta quinta-feira (22/08), do Seminário Nacional Caminhos e Obstáculos para a Universalização do Saneamento, evento promovido pela Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), em parceria com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) e a Revista Conjuntura Econômica do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). Proferindo a palestra magna do seminário, Cavalcante falou sobre desenvolvimento sustentável, transição energética e os potenciais do Ceará para produção de hidrogênio verde.
“Estou muito feliz de ter sido convidado pela Cagece e pela Aesbe. O saneamento, como a palavra diz, é básico, por isso precisamos apoiar o trabalho que é feito diuturnamente para mudar a vida da população. Estamos passando por um momento muito forte de transição energética e transição digital, então precisamos aproveitar a oportunidade para fazer o que está faltando para alcançar a universalização. Quando se investe em saneamento, se ganha em saúde e dignidade”, afirmou o Presidente da FIEC.
Durante a palestra, Cavalcante falou sobre a crise climática, alertando para a necessidade de mudança da matriz energética mundial. Nesse contexto, o Ceará desponta como um dos principais expoentes na geração de energias renováveis, devido às vantagens naturais e de infraestrutura existentes no Estado.
O Presidente da FIEC apresentou os projetos em andamento nas áreas de energia solar e eólica, além do Hub de Hidrogênio Verde (H2V) do Porto do Pecém, que já conta com mais de US$ 30 bilhões em investimentos anunciados.
Para Ricardo Cavalcante, a transição energética representa uma importante oportunidade de transformação social e econômica para o Ceará. “Temos uma capacidade de utilizar matrizes eólica e solar que não existem em outros lugares do planeta. Nos últimos 70 anos, nunca tivemos uma chance de mudar a vida das pessoas como agora, pelo sol e pelo vento. Em cima das dificuldades, encontramos grandes oportunidades”, acrescentou.
No Hub de H2V, Cavalcante destacou, ainda, que a água utilizada para abastecer as indústrias será de reuso, obtida a partir do tratamento de efluentes sanitários de Fortaleza e da Região Metropolitana por meio do Projeto Hidrus, iniciativa da empresa Utilitas Pecém e da Cagece.
“O projeto está dimensionado para produzir 1,6 m³/s de água de reuso, podendo chegar até 4 m³/s. Com isso, podemos produzir no Pecém, inicialmente, 1 milhão de toneladas de hidrogênio verde. Nada está se perdendo, tudo está se transformando. Quando se lida com multinacionais, as empresas precisam ter certeza do que vai acontecer, e esse trabalho fez com que a gente acelerasse muito os nossos processos”, acrescentou.
Neuri Freitas, Presidente da Cagece, afirmou que o debate sobre transição energética é essencial no contexto da universalização do saneamento. “Diante de todo o cenário de mudanças climáticas, além de pensar em como chegaremos à universalização, fazendo obras e prestando serviços, temos que pensar em como faremos essa universalização utilizando recursos verdes, de forma sustentável”, ressaltou. “Esse evento é importante para disseminar informação e chamar todos para a mesma luta que é ter saneamento para todos. É um tema transversal que ajuda na educação, na economia, nos negócios, no turismo. Tem uma infinidade de situações em que ele vai colaborar”, completou.
Freitas enalteceu, ainda, o apoio da FIEC no diálogo junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para a construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro.
Representando o Governador Elmano de Freitas, o Secretário das Cidades do Ceará, Zezinho Albuquerque, ressaltou a importância do saneamento para o desenvolvimento. “A universalização do saneamento será um grande passo para o Brasil continuar sendo a potência que é e se tornar muito maior”.