A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) sediou segunda-feira (29/4) o lançamento do Programa Fortaleza Solidária. A solenidade, que contou com a presença do presidente da FIEC, Beto Studart; e do prefeito de Fortaleza, Roberto Claudio; e da vice-governadora Izolda Cela, apresentou uma nova plataforma digital que busca conectar Organizações Não Governamentais (ONGs) e voluntários para construção de uma rede de solidariedade. A ocasião reuniu secretários municipais, líderes e voluntários de causas diversas.
Inspirada em modelos já funcionando em cidades como Recife, a iniciativa faz parte de um movimento local interligado ao Transforma Brasil, que tem como visão transformar o País por intermédio do voluntariado e do engajamento cívico. A plataforma cruza os dados dos que querem ser voluntários, mas não sabem como, com os das ONGs que precisam de mão de obra, mas não sabem onde encontrar voluntários. Organizações e voluntários poderão cadastrar seus perfis, indicando áreas de atuações, disponibilidade de tempo do voluntariado e das necessidades das ONGs, envolvendo o poder público, a iniciativa privada e o terceiro setor.
Roberto Cláudio inaugurou oficialmente a plataforma realizando o primeiro cadastro como voluntário. Para ele, o sucesso do Fortaleza Solidária está na capacidade da Prefeitura viabilizar o protagonismo das entidades e dos voluntários, de modo que instituições e cidadãos unam forças para criar uma cadeia solidária. “Nosso papel é estimular, induzir, ser parceiro. A cidade se transforma com a sua gente e com a cidadania, e o poder público é fundamental nessa grande cadeia de transformação, mas é limitado em tempo e recursos. Se nos unirmos e nos alinharmos em uma visão e um senso de estratégia para mudar a cidade, as coisas vão acontecer”, disse o Prefeito.
Conforme Lílian Fontele, coordenadora de Padronização e Uniformização da Coordenadoria Especial de Articulação das Regionais (Coareg) e autoridade do município à frente do Programa, a meta inicial é formar uma rede com 250 organizações e engajar 50 mil voluntários no município de Fortaleza. “Queremos atuar em todas as áreas que tiver demanda, como saúde, educação e outras. Para mobilizar mais voluntários, vamos fazer eventos inspiracionais em faculdades, clubes de futebol, igrejas, além de apoiar as ONGs a se reestruturarem. Todos os projetos, inclusive iniciativas sem CNPJ também podem se cadastrar para conseguir voluntários para sua causa”, disse.
“Este projeto tem o propósito ousado de fazer com que Fortaleza se torne a capital mais solidária do País”, ressaltou Renato Lima, titular da Coareg. Além de elaborar a plataforma para unir os interessados, conforme o secretário, a Prefeitura também vem atuando no levantamento dos projetos e instituições cuja mão de obra é voluntária; na capacitação e eventos com a finalidade de assessoramento em autossustentabilidade, mídias sociais, gestão de projetos e outros temas; e na criação de instrumentos, inclusive legais, para reconhecer e estimular o trabalho voluntário.
Para a vice-governadora Izolda Cela, o Fortaleza Solidária é um projeto que precisa existir para além da gestão atuante e que veio para mudar a mentalidade e a cultura da sociedade. “É algo que retorna para a pessoa desobstruindo canais e trazendo saúde e alegria. Vem para que nos possamos alcançar patamares superiores em relação ao que vemos hoje na nossa realidade. Já estamos pensando em outras cidades do Ceará que possam assumir esse desafio de transformação”, afirmou.
Transformação social
Naara Lima é voluntária do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, uma das entidades que devem se engajar no Fortaleza Solidária de modo a atrair mais participação espontânea. Segundo ela, a importância desse tipo de atividade está relacionada a trazer um alento a pessoas em estado de vulnerabilidade. Além disso, ela conta que a partir do momento em que se tem esse olhar humanitário, é possível criar vínculos e traçar metas para que eles tenham qualidade de vida.
“O voluntariado é uma doação, uma terapia, você se sente emocionalmente mais equilibrado. É muito bom saber que estamos ajudando a vida de alguém, e agora as pessoas poderão ter mais acesso à questão do voluntariado, que costuma ser um trabalho muito silencioso. A perspectiva maior fará com que mais pessoas participem, e isso é muito importante”, relata Naara.
O empreendedor social Fábio Silva, parceiro da atividade, lembra que é papel de cada um implementar a mudança social. “O Programa Fortaleza Solidária é mais do que doar a quem precisa. É, também, transformar o coração de quem doa. Queremos, por meio de uma plataforma de engajamento, realizar a conexão entre pessoas e instituições que desejam, juntas, causar impacto positivo, nas comunidades, nos bairros, nas cidades e em todo o nosso País”, enfatiza.
De acordo com o World Giving Index (WGI 2017), estudo feito pela Charities Aid Foundation (CAF) em 139 países, o Brasil fica em 75º lugar no ranking da solidariedade. Apenas quatro em cada 100 brasileiros desempenham algum tipo de trabalho voluntário. Já segundo a pesquisa Outras Formas de Trabalho, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2017), há 7,4 milhões de voluntários em uma população de 208 milhões de pessoas.